Quando se fala em franchising, temos uma infinidade de segmentos em que as franqueadoras podem atuar. Mas em todos eles é necessário que as marcas contem com bons franqueados. E o que define se os investidores serão ou não bons para a marca? É claro que existem as peculiaridades, mas há alguns direcionamentos básicos que são comuns a todas as franquias. Leia este texto até o final saber qual é o perfil do franqueado ideal.
Como saber qual é o perfil do franqueado ideal?
Para selecionar franqueados que realmente farão a diferença para a marca, é importante que os franqueadores estejam atentos às características que os candidatos apresentam. O espírito extremamente empreendedor, por exemplo, pode ser uma vantagem e uma desvantagem, ao mesmo tempo, se o novo franqueado não entender que ele precisará seguir regras e padrões e, necessariamente, deverá apresentar suas ideias inovadoras à franqueadora, antes de implantá-las livremente na unidade franqueada – isso pode causar uma quebra contratual que resultará em conflitos. Por outro lado, pessoas apáticas e sem iniciativa não são bem-vindas a nenhum negócio, porque a franquia necessita do empenho do novo franqueado, que será o gestor de uma equipe ou, no caso de algumas microfranquias e nanofranquias, o único operador do negócio, necessitando do próprio e exclusivo empenho para que o sucesso apareça.
O que diz a lei de franquias sobre o perfil do franqueado ideal
A lei de franquias brasileira (número 13.966/19), em seu artigo 2º, traz três importantes citações sobre o perfil do franqueado, dizendo que a Circular de Oferta de Franquia (COF), documento que precisa ser sempre redigido por um advogado especializado em franchising para garantir a segurança jurídica da marca, deve conter:
V – descrição detalhada da franquia e descrição geral do negócio e das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado;
VI – perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior, escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória ou preferencialmente;
VII – requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e na administração do negócio;
Apesar de apenas o inciso VI falar especificamente sobre o perfil do franqueado ideal, dizendo que a COF deve citar, obrigatoriamente, a experiência anterior que o franqueador espera que o franqueado tenha, sua escolaridade e outras características obrigatórias ou preferenciais, os incisos V e VII também são importantes, porque pedem que o franqueador informe quais são as atividades que o franqueado desenvolverá e qual é a obrigatoriedade de envolvimento direto do franqueado na operação e na administração do negócio.
Em relação ao inciso VI, por exemplo, há redes de franquia que fazem algumas exigências específicas aos franqueados, especialmente em relação à formação deles. Existem redes de ensino de idiomas que exigem que o franqueado seja fluente em inglês, enquanto clínicas médicas desejam que ao menos um dos sócios seja médico. Isso deve constar na documentação da franqueadora, ofertada aos franqueados.
No inciso V, quando a COF fala sobre as atividades que o franqueado desenvolverá, é importante observar que quando o franqueador deixa claro que o franqueado precisará, por exemplo, ser o responsável pelas compras, está se eximindo de compor o mix de produtos que será vendido na loja, colocando sobre o franqueado a responsabilidade de abastecimento do estabelecimento e, consequentemente, deixando a ele o encargo do sucesso das vendas. E esse é apenas um ponto que deve ser bem entendido pelo novo empresário, ao analisar detalhadamente um documento, antes de entrar para a rede.
Por fim, o inciso VII fala sobre o envolvimento do franqueado na gestão do negócio e a obrigatoriedade de seu envolvimento direto. O legislador exige essa citação documental para que o franqueado saiba se a franqueadora espera que ele tenha dedicação integral, exclusiva ao negócio, ou acredita que ele possa ter outras atividades paralelas à franquia, deixando-a aos cuidados de colaboradores. É importante que isso fique claro desde o começo, já que há franqueados que têm perfil de investidores, enquanto outros são operadores.
Quer conhecer a lei de franquias? Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13966.htm
Veja outras características básicas necessárias para um bom franqueado:
- Seguir regras e padrões – O franqueado que realmente quer fazer o negócio dar certo precisa entender que seguir regras e padrões é fundamental para que isso aconteça. Com manuais e normas já estabelecidos, é a franqueadora quem dá todas as orientações nos diferentes setores de todas as unidades franqueadas, como o marketing, o modelo de operação, a inclusão de novos produtos e os formatos.
Aliás, é isso que o franqueado adquire quando busca por uma franquia: um negócio já testado, que lhe transferirá know-how, lhe ensinará a fórmula de sucesso para que ele a replique – então, deve segui-la para também chegar ao bom desempenho.
LEIA TAMBÉM: O que é formatação de franquia? (https://novoaprado.com.br/o-que-e-formatacao-de-franquia/)
E, por mais que o franqueado pense em outras medidas e estratégias, ele deverá seguir o que já foi pré-definido pela marca. Muitas vezes isso não é uma característica fácil de ser encontrada em um empresário, por muitas vezes ele desejar dar a “sua cara” à sua loja.
As conversas e exposição de ideia podem e devem acontecer, mas o franqueado deve estar preparado para ser contrariado e não ter certos pedidos atendidos.
- Ser um bom gestor – Ter uma franquia não requer apenas o dinheiro para investir. O franqueado precisará estar envolvido com a operação diária da loja e com tudo o que acontece em sua unidade franqueada. Até porque o franchising não se faz sozinho. Uma rede é solidificada a partir de uma gestão compartilhada, já que a franqueadora divide com os franqueados toda sua padronização e seu know-how.
Esses franqueados precisam ter habilidade para implantar tudo isso na unidade e acompanhar no dia a dia se as funções estão sendo desempenhadas corretamente, para garantir o crescimento e o sucesso da loja. Então, gerir de maneira eficiente é necessário para que isso se concretize. Por mais que tenham funcionários, o fraqueado precisa estar presente constantemente na unidade.
- Saber vender – Ainda que tenha até mais de um vendedor em sua loja, o franqueado também precisa estar preparado para esse ofício. Isso porque em momentos em que a unidade não vai bem ou que algum produto não esteja sendo vendido, é ele quem precisará encontrar soluções e chamar para si a responsabilidade de melhorar o desempenho das vendas. Então, o franqueado não pode estar isento dessa função e esperar que as mercadorias e os serviços se vendam sozinhos.
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- Estar sempre disposto a aprender – Por mais que o modelo de franquias limite o empreendedor para possíveis mudanças a respeito da operação e dos formatos da loja, é importante que o franqueado esteja em constante aprendizado. Isso porque ele terá maior facilidade para resolver possíveis problemas do dia a dia, além de poder ter projetos e ideias que agreguem à franqueadora, caso ela goste e esteja de acordo.
- Ser participativo e pensar em rede – A partir do momento em que investe uma franquia, o franqueado passa a fazer parte de uma rede e não está mais sozinho. Ele precisa entender que, agora, representa uma marca e deve pensar que suas ações se refletem no negócio de outras pessoas. Deve ter responsabilidade para representá-la, vontade de atuar no grupo e ser receptivo a novas ideias e ao debate. Uma das características que faz o perfil de um bom franqueado é saber ouvir os demais e conversar, estando disposto a negociar, ceder e aceitar opiniões, também colocando sua visão sobre o negócio sempre que achar que contribuirá pelo bem da rede.